Francisco Oliveira assegura a representação portuguesa na profissão de Desenho Industrial – CAD

O Técnico de Desenho de Construções Mecânicas é o profissional que concebe projetos de construções mecânicas e acompanha a sua execução.

No âmbito da sua atividade profissional, o Técnico de Desenho de Construções Mecânicas desenvolve atividades como:

  • Preparar projetos relativos a peças e equipamentos a fabricar;
  • Executar ou orientar a execução de desenhos de peças e equipamentos a fabricar e testar a sua exequibilidade;
  • Avaliar, em conjunto com responsáveis de outras áreas, os custos de produção e a viabilidade técnica e comercial da peça ou equipamento, e elaborar ou colaborar na execução do orçamento;
  • Acompanhar a execução das peças ou equipamento, em colaboração com os responsáveis pela sua fabricação.

E isto é o que acontece numa prova internacional.

O concorrente nesta profissão é Francisco Oliveira, de 19 anos, que frequenta o curso de Técnico de Desenho de Construções Mecânicas no CENFIM – Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica – Porto.

Nós estivemos à conversa com ele.

WorldSkills Portugal: O facto de teres ganho a medalha de ouro no campeonato nacional e ires representar Portugal no campeonato europeu mudou as tuas rotinas?

Francisco Oliveira: Não mudou muito. Neste momento estou com a mesma carga horária que tinha no curso, apenas com o acréscimo de uma hora. A preparação está a correr muito bem e sinto que estou a melhorar a cada dia que passa. Ao nível pessoal também não houve grandes alterações, até porque consigo separar bem o trabalho da diversão e consigo conciliar as duas coisas numa proporção bastante equilibrada. Há tempo para tudo!

WorldSkills Portugal: O que te fez decidir por este curso, nesta área?

Francisco Oliveira: Cheguei a frequentar o 10.º ano no ramo de ciências. Sempre fui considerado aquele aluno com muitas capacidades mas que não as aproveitava… Tinha notas razoáveis, mas não era nada que me entusiasmasse. Cheguei a um ponto em que já não me revia em nada. Fui à Qualifica (uma feira de educação e formação) e encontrei o formador Dário, que agora é o jurado que me vai acompanhar ao campeonato europeu, e fiquei a conhecer o CENFIM. Ao contrário do que acontecia na escola, para aqui venho todos os dias com entusiasmo!

 

WorldSkills Portugal: E a tua família? Como tem acompanhado o teu percurso?

Francisco Oliveira: A minha família está muito orgulhosa. Gostam de me ver envolvido e de ouvir os relatos do meu progresso e o meu entusiasmo quando chego a casa. Para eles é muito compensador ver o reconhecimento que estou a ter pelo meu trabalho e a progressão que já fiz desde que entrei no curso até agora.

 

O Francisco em flash:

Qual é a meta que definiste para a tua participação no Campeonato Europeu das Profissões? Alcançar as metas individuais e as metas propostas pela organização. Honrar o meu país, mostrando a excelência que Portugal tem. Ou seja, chegar ao pódio! Eu sei que até posso nem ganhar, mas se não for eu a definir esta meta para mim e a pensar no máximo que posso atingir, quem o fará por mim?

Que palavra ou palavras usarias para definir os campeonatos das profissões? Empenho, esforço, dedicação, convívio, trabalho, competir com os melhores.

E a ti, o que te define? Sou uma pessoa calma, mas bastante extrovertida, empenhada e com fome de conhecimento.

 

Para além do Francisco, estivemos à conversa com Dário Pinto (*), que no EuroSkills Budapeste 2018, assume funções de Presidente de Júri da profissão de CAD e que acompanha o Francisco neste percurso.

 

WorldSkills Portugal: Quais são as mais valias para o CENFIM em ter um formando como o Francisco, ou seja, um campeão nacional e representante de Portugal no campeonato europeu das profissões?

Dário Pinto: O CENFIM sempre foi uma entidade que deu apoio incondicional relativamente à participação nos campeonatos das profissões, em termos de equipamento e tudo o resto.

Vemos isto como uma ferramenta muito interessante, servindo de benchmarking, para nos podermos situar face à concorrência que existe nesta área. Por outro lado, o nível que temos atingido tem contribuído para aumentar a qualidade da formação que desenvolvemos. Trazemos muitos inputs para a formação daquilo que se passa nos campeonatos e que se transpõe para a formação. Por isso, cada vez mais os nossos concorrentes e os campeões que temos formado são um reflexo da nossa formação.

 

WorldSkills Portugal: Como tem sido organizado o treino do Francisco?

Dário Pinto: O Francisco está connosco a tempo inteiro, 100% disponível e tem a particularidade de ser muito dedicado e trabalhador. Tem um plano de treino totalmente definido ao dia, com todas as atividades, provas de controlo, formação, etc, que é acompanhado por mim e por uma outra formadora/preparadora – ela própria ex-concorrente – e que agora também já desempenha funções como Jurada Internacional), a Marlene Moreira.

Para além disso, não descuramos outros contextos de treino, como as empresas ou eventos como o Champions League onde são chamados todos os ex-concorrentes do CENFIM para uma prova de um dia. Esta é uma oportunidade para o Francisco que, por um lado, vai ser testado a fundo e por outro, receber um feedback importante por parte de quem já sentiu o que é estar numa competição internacional.

Uma das atividades que incluímos no treino do Francisco, é a preparação do 1.º dia da competição. O dia de preparação do posto de trabalho, antes do início das provas, é muito importante e ainda bem que existe. O que fazemos aqui com o Francisco é preparar esse dia, para que ele tenha a certeza de que, quando estiver em Budapeste, o vai conseguir fazer com mais calma porque já o treinou.

 

WorldSkills Portugal: O Francisco está a treinar num espaço público, com muito movimento. É uma estratégia de treino?

Dário Pinto: Sim, o objetivo é tirá-lo da zona de conforto. Onde está, junto ao bar e à secretaria, encontra-se exposto ao público, sujeito aos horários de funcionamento de um centro de formação. Nunca sabe quem pode aparecer, quem está a olhar para o trabalho dele. Tudo isto para que se habitue à movimentação, ao ruído, às pessoas a circular. No fundo, estamos a tentar recriar o mais possível o ambiente que ele vai encontrar no Euroskills. O CENFIM tem esse hábito, e os nossos concorrentes vão várias vezes fazer alguns dias de preparação em feiras, exposições e até em centros comerciais.

WorldSkills Portugal: Quais são as expetativas do CENFIM relativamente ao Francisco?

Dário Pinto: Nós temos uma experiência muito larga nesta área. O Francisco é o nosso 9.º concorrente. Temos objetivos definidos à partida pela organização. Na realidade, trabalhamos para as medalhas, e o Francisco sabe disso. Se surgir a medalha mais alta, muito bem, senão vemos esta etapa com uma preparação para o campeonato do mundo. No EuroSkills já obtivemos 2 medalhas de prata nesta área e, na última edição, ficámos a apenas 0,15 do ouro.

O Francisco é muito profissional. Um jovem muito equilibrado, muito educado, inteligente e perspicaz, o que nos dá uma perspetiva muito boa. Aliás, a evolução dele no treino tem sido muito boa, sendo que esta preparação já começou antes do campeonato nacional, etapa para a qual já teve muita formação específica.

 

WorldSkills Portugal: O que significa para o CENFIM ter tantos jovens com sucesso nos campeonatos?

Dário Pinto: O mais importante é que, no final, estes concorrentes, que são profissionais, possam levar para a indústria o conhecimento que adquiriram, chegar lá e dizer “Eu aprendi isto no CENFIM”. Felizmente, todos estão empregados e em posições de destaque nas empresas, o que os torna um veículo fantástico para a promoção do CENFIM e da formação. É o melhor cartão de visita quer podíamos ter!

 

(*) Nota:

Dário Pinto, para além de ser atualmente Diretor do polo do CENFIM de Ermesinde, é um dos peritos portugueses que dá cartas no contexto nacional e internacional, assumindo, no âmbito da profissão de CAD, a função de Skill Competition Manager na WorldSkills Internacional, a função de Presidente de Júri no EuroSkills e a de Skill Adviser na WorldSkills Portugal.

Para além de Dário Pinto, o Francisco conta com o acompanhamento da formadora Marlene Moreira, ela própria ex-concorrente na profissão de CAD, tendo representado Portugal no Campeonato do Mundo das Profissões no Japão em 2007.