Cleiton e Pedro – eles controlam a máquina

A Robótica Móvel é uma área da indústria que evolui rapidamente, orientada para soluções dentro das quais o técnico de robótica tem um papel significativo e crescente. A robótica móvel é uma parte importante da indústria, com aplicações em diversos sectores, incluindo manufatura, agricultura, aeroespacial, medicina entre outras.

Um técnico de robótica trabalha em escritórios, fábricas ou laboratórios.  Projeta, mantém e desenvolve novas aplicações conduzindo pesquisas para expandir o potencial dos robôs.

Os técnicos de robótica devem estar familiarizados com lógica, microprocessadores, mecânica, maquinação e programação de computadores para que possam projetar o robô certo para cada aplicação. Devem também preparar especificações para o modo como se relacionam com o ambiente de trabalho.

Além disso, os técnicos de robótica são responsáveis por um design eficiente em termos de custos e controle de qualidade. Fundamentais para o técnico de robótica são as competências relacionadas com a organização do trabalho e autogestão. Excelente comunicação, relação interpessoal e disponibilidade especial para trabalhar em equipa. A capacidade de ser inovador e criativo na resolução de desafios tecnológicos e na geração de soluções também é essencial.

Em contexto de competição mundial, uma prova de robótica desenvolve-se nestes moldes (clique no link para ver o vídeo no YouTube).

 

A prova de robótica desenvolve-se em equipa. Em Budapeste, são os robóticos do CINEL, Cleiton Lima, de 20 anos, e Pedro Pereira, de 19, que vão mostrar que ainda são os homens que comandam a máquina. Nós falámos com eles:

WorldSkills Portugal: O que mudou na tua vida depois de teres subido ao palco no campeonato nacional?

Cleiton: Houve algumas mudanças. Até pelo facto de saber que nem todos chegaram lá e que nós tivemos de trabalhar muito para o conseguir.

 

WorldSkills Portugal: O teu treino ocupa-te cerca de 9 horas por dia. Como encaras esse compromisso?

Cleiton: Gosto muito do que estou a fazer. Todos os dias aprendo coisas novas. E para além disso, ir representar o país é algo que me dá ainda mais vontade de trabalhar.

 

WorldSkills Portugal: E a tua família? Como está a viver esta tua experiência?

Cleiton: Com muito orgulho! Estão sempre a dizer-me “Não te esqueças que vais representar Portugal! És o nosso menino!”

 

WorldSkills Portugal: Estás preparado para Budapeste?

Cleiton: Sim, já vi os vídeos do campeonato anterior e quando lá chegar é trabalhar para conseguir!

 

WorldSkills Portugal: Como concilias as 9 horas de treino com as outras partes da tua vida?

Cleiton: Tive de reformular o meu horário. À noite, depois da preparação no CINEL, ajudo a minha família, faço o jantar para a minha irmã e depois disso ainda vou treinar futebol. E depois há a música.

 

WorldSkills Portugal: Então, para além da robótica, tens dois hobbies, o futebol e a música?

Cleiton: Sim. Sou uma pessoa que não gosta de estar parada. Para mim a música é a melhor maneira de exprimir sentimentos.

 

WorldSkills Portugal: Expetativas para o campeonato?

Cleiton: Dar o meu melhor e tentar trazer a medalha de ouro!

 

Pedro Pereira faz parelha com o Cleiton. Recém-chegado à equipa, depois da desistência de Ricardo Gonçalves, e igualmente medalhado no campeonato nacional na profissão de robótica, encara este desafio com um misto de expetativa e tranquilidade. O Pedro trabalha atualmente como técnico de eletrónica numa empresa em Cascais.

WorldSkills Portugal: Há um mês atrás não imaginavas que pudesses estar aqui, certo? Como foi que tudo aconteceu?

Pedro: De facto não pensava! Participei no campeonato nacional e fiquei em 2.º lugar. Mas depois da desistência do Ricardo, o CINEL fez-me este desafio e claro que fiquei contente e aceitei! Sei que vai ser trabalhoso, mas é para isso que cá estamos!

 

WorldSkills Portugal: Já conhecias o Cleiton?

Pedro: Sim, já nos conhecíamos. Na preparação para o campeonato nacional, apesar de estarmos em equipas diferentes, já treinávamos juntos.

 

WorldSkills Portugal: O teu treino para o Europeu começou mais tarde comparativamente aos teus colegas. Como está a correr?

Pedro: Já tenho um plano bem definido e sei que com a ajuda de todos vou conseguir cumpri-lo.

 

WorldSkills Portugal: E conciliar isso com o teu horário de trabalho? É fácil?

Pedro: Tem sido gerido com alguns dias de férias e com o treino em horário pós-laboral. Mas a empresa onde trabalho também tem permitido alguma flexibilidade nos horários.

 

WorldSkills Portugal: Como foi o teu percurso aqui?

Pedro: Fiz um curso de nível 4 no CINEL. O meu irmão já tinha feito exatamente o mesmo curso e foi uma escolha que me pareceu bem. Se seguirmos o ensino regular, chegamos ao fim com o 12.º ano, mas sem saber uma profissão. Teoricamente só sabes estudar… E foi aí que o CINEL me surpreendeu. Dá-te uma melhor possibilidade no mercado de emprego e tens sempre a possibilidade de ir para o ensino superior. E depois os meus pais deram-me todo o apoio nesta escolha.

 

WorldSkills Portugal: Quais são as tuas expetativas para o campeonato europeu?

Pedro: Espero que corra bem! Eu e o Cleiton vamos lá fazer o que gostamos, por isso, mesmo que não consigamos medalhas vai sempre ser bom para nós!

 

A equipa está a ser acompanhada por dois formadores, Carlos Neves, formador no CINEL, e Vasco Vaz, da ATEC, que é Presidente de Júri internacional na profissão de robótica nos Campeonatos da Europa e do Mundo (EuroSkills e WorldSkills).

A equipa de Robótica Móvel: Carlos Neves, preparador; Cleiton Lima e Pedro Pereira, concorrentes e Vasco Vaz, jurado internacional.

“Trocamos umas impressões com o Vasco sobre a forma como a preparação está a decorrer e sobre a recente alteração na composição da equipa.

Tivemos de andar um pouco para trás para podermos criar equipa. Foi preciso fazer team-building. Promover a ligação entre eles, antes de começarmos a preparação em si. Mas dado o conhecimento que ambos têm da área é possível recuperar. E depois, vamos trabalhar a par e passo.

 Eles estão motivados, mas estamos sempre muito dependentes da prova que nos aparecer em Budapeste. Se for muito fora daquilo que foi o nosso caminho de preparação, o nosso resultado pode ser menos bom. Mas estamos confiantes!”

 

Na sua visita ao CINEL, a WorldSkills Portugal não podia deixar passar a oportunidade de falar com Otávio Oliveira, o Diretor, um fervoroso entusiasta dos campeonatos das profissões.

 

WorldSkills Portugal: Como é que o CINEL vê a participação nos campeonatos das profissões?

Otávio Oliveira: O CINEL sempre encarou a participação nos campeonatos das profissões como uma atividade relevante no plano institucional e no plano da formação profissional, na medida em que considera que é de grande importância para a motivação de toda a comunidade formativa e para que os nossos jovens possam encarar a formação como algo relevante ao nível da aquisição de competências e do saber-fazer a um nível de excelência. Portanto, essa participação é importante no plano motivacional para os participantes, e é também para que, de alguma forma, quando somos bem-sucedidos, se possa fazer uso desses bons resultados como um argumento da qualidade da formação que se desenvolve.

E é o caso em apreço. Os nossos 2 jovens participaram no campeonato nacional. As duas equipas do CINEL obtiveram os lugares cimeiros e isso deixa-nos confortáveis e reconfortados no plano do reconhecimento da formação que se fez. Houve também o propósito de informar toda a comunidade formativa, entendendo essa comunidade como os jovens formandos, os formadores, as próprias entidades que colaboram connosco na componente de formação prática em contexto de trabalho dos cursos de aprendizagem, divulgando essas boas classificações, no sentido de que isso traduz a qualidade da formação que se desenvolveu.

 

WorldSkills Portugal: Sente que a formação profissional começa a ser uma 1.ª alternativa, nomeadamente para os jovens que frequentam o CINEL?

Otávio Oliveira: Sim, sem dúvida. Esse caminho tem estado a ser percorrido cada vez com mais intensidade e os jovens apercebem-se de que no desenvolvimento das suas carreiras profissionais faz sentido uma qualificação de dupla certificação, escolar e profissional. Mas depois também se verifica, nos cursos de especialização tecnológica, reconversões de alguns jovens e de outros públicos não tão jovens. Estamos a falar de pessoas que fizeram determinadas opções ao nível do ensino secundário, ou mesmo universitário, e cujos níveis de empregabilidade não são os melhores e que procuram, junto de nós ou de outros centros de formação profissional, o desenvolvimento das suas carreiras e dos seus projetos de vida através de uma reconversão profissional.  

 

WorldSkills Portugal: Falou na empregabilidade. Como é a empregabilidade dos jovens que concluem percursos de formação no CINEL?

Otávio Oliveira: Não há uma uniformidade em todas as áreas, como sejam a eletrónica, a automação, a energia, as telecomunicações. Não havendo um indicador homogéneo podemos contudo afirmar que a eletrónica, a automação, o comando industrial, a robótica, são áreas com uma empregabilidade muito elevada e com tendência para se manter dessa forma, considerando que são áreas muito ligadas à atividade industrial e empresarial.

 

WorldSkills Portugal: E desta participação no Campeonato da Europa, o que espera?

Otávio Oliveira: O CINEL tem procurado proporcionar as melhores condições de treino a esta equipa, inclusivamente através de investimento em equipamento, para que os jovens não estranhem o que encontrarem pela frente em competição, mas também na afetação dos nossos técnicos a um treino e acompanhamento intensivos, de forma a que o investimento tenha retorno. Sabemos que estamos a falar de níveis de competição muito elevados e queremos que os nossos jovens tenham as melhores condições.

Não diria que o resultado é secundário, mas o que é importante é que, de facto, todos tenhamos a avaliação de que se trabalhou no limite para ter os melhores resultados.

O Cleiton e o Pedro vão competir com equipas da Áustria, Finlândia, França, Montenegro e Rússia.