Daniel Stelmach a carregar no acelerador para as competições internacionais

O Técnico de Mecatrónica Automóvel é o profissional que executa a manutenção, diagnóstico de anomalias e reparações nos diversos sistemas mecânicos, elétricos e eletrónicos de automóveis ligeiros, de acordo com os parâmetros e especificações técnicas definidas pelos fabricantes e com as regras de segurança e de proteção ambiental aplicáveis ao setor de atividade.

Em ambiente de campeonato, é assim que se desenrola uma prova de Mecatrónica Automóvel (clique no link para ver o vídeo no YouTube).

No Campeonato Europeu das Profissões, EuroSkills Budapeste 2018, foi Daniel Stelmach que representou Portugal nesta profissão. O Daniel tem 19 anos e, no período que antecedeu o campeonato, ainda estava a frequentar a componente de formação prática em contexto de trabalho do curso de aprendizagem de Técnico de Mecatrónica Automóvel.

Antes da partida para o EuroSkills, a WorldSkills Portugal esteve à conversa com ele e com António Caldeira, Diretor do CEPRA – Centro de Formação Profissional da Reparação Automóvel, o centro de formação profissional onde o Daniel frequentou o curso que colocou os campeonatos das profissões no seu caminho.

 

WorldSkills Portugal: A vitória no campeonato nacional das profissões veio alterar as tuas rotinas?

Daniel Stelmach: Não propriamente. Já antes de ter ganho o campeonato treinava muito, muitas vezes das 9 às 11 da noite e depois do campeonato o ritmo tem continuado igual. É muito estudo e muita dedicação.

 

WorldSkills Portugal: Como correu a preparação para o campeonato europeu? Que aprendizagens pessoais e profissionais fizeste?

Daniel Stelmach: Treino 3 dias por semana e ainda faço alguma formação mais específica à noite, em horário pós-laboral. Em termos profissionais, posso dizer que aprendi tudo sobre carros. Para além de tudo o que aprendi no curso, também aprendi muito com a participação no campeonato nacional. Em termos pessoais, aumentou a dedicação àquilo que faço.

Daniel Stelmach na 2.ª semana de estágio da seleção portuguesa em Setúbal.
Foto: Paulo Santos / Cenjor

 

O Daniel em flash

Como nasceu o teu interesse por esta profissão? O interesse foi surgindo de forma espontânea. Mas também tive influências familiares.

Qual é a meta que definiste para a tua participação no Campeonato Europeu das Profissões? A minha meta é chegar ao mundial!

Que palavra ou palavras usarias para definir os campeonatos das profissões? Oportunidade.

E a ti, o que te define? A vontade de me tornar um melhor profissional.

 

António Caldeira, para além de ser diretor do CEPRA, é um dos portugueses cuja competência técnica e contributo para os campeonatos das profissões foi reconhecida pela WorldSkills Internacional, que o distinguiu como Membro honorário. Esta distinção decorre das funções que exerceu como Delegado Técnico da WorldSkills Portugal. A nível internacional assume ainda a presidência do Comité de Ética.

WorldSkills Portugal: Quais são as mais valias para um centro de formação em ter um formando que foi campeão nacional e que vai representar Portugal numa competição europeia?

António Caldeira: A mais valia imediata é em termos de marketing, ou seja, a divulgação da qualidade da nossa formação. O facto de termos formado um campeão nacional é sempre um grande apoio para quem quer transmitir a ideia de uma formação de qualidade.

Em termos mais mediatos, o interesse em ter estes campeões é formá-los. Com a dificuldade que existe em encontrar, no mercado, técnicos que possam ser formadores com o standard de qualidade exigido pelo CEPRA, procuramos maneiras de os motivar a integrar a nossa equipa no futuro. Mesmo que isso não venha a acontecer, sabemos que estamos a contribuir para a melhoria do setor, com a formação de recursos humanos altamente qualificados.

 

WorldSkills Portugal: Como decorreu o treino do Daniel?

António Caldeira: Da forma mais rigorosa possível. Conhecemos o tipo de viatura e de provas que ele vai encontrar no campeonato europeu e temos uma vantagem que é o Daniel estar ainda a frequentar a componente de formação prática do curso. Falámos com o responsável da empresa onde ele está para que o libertasse em determinados períodos. Isto permite o cumprimento do plano de preparação, que integra formação específica em horário pós-laboral, mas também alguns períodos em que está exclusivamente connosco.

 

WorldSkills Portugal: Quais as expetativas do CEPRA para este campeonato?

António Caldeira: Temos de ter a noção que, por muito que nos preparemos e acrescentemos valor à nossa intervenção, todos os países estão a ter a mesma abordagem. Por isso, depende muito de quem iremos apanhar no europeu. Uma coisa é certa, estamos a trabalhar o melhor que conseguimos.

 

WorldSkills Portugal: O CEPRA já tem um histórico de medalhas em competições internacionais. Qual o uso que fazem dessas conquistas?

António Caldeira: Sim, temos várias medalhas de prata e de bronze, só nos falta o ouro! E só uma vez, em todas as que participámos, é que não conquistámos a medalha de excelência. Isso é a nossa vida, é a valorização e o reconhecimento do trabalho de todos os envolvidos no projeto.

Naturalmente que fazemos uso disso. A nível interno, para motivar, e depois fora do centro, marcamos presença em vários eventos e somos convidados para falar em muitos seminários. Temos boas relações com a comunicação social especializada do setor e conseguimos colocar notícias desta nossa realidade o que nos dá muita visibilidade exterior.

 

No EuroSkills, Budapeste 2018 o Daniel competiu com jovens da Áustria, Rússia, Noruega, Lituânia, Alemanha Espanha Suécia Finlândia Hungria Bélgica, Croácia, Itália, Estónia, Chipre e Cazaquistão e conquistou mais uma Medalha de Excelência para o CEPRA e para Portugal. Foi, ainda, o concorrente português com a melhor classificação, tendo obtido a medalha de “Best of the Nation”.

Os “Best of the Nation”. Daniel Stelmach entre os melhores de cada país participante no EuroSkills, Budapeste 2018.