A primeira semana de estágio para o WorldSkills Shanghai 2022 dá as boas vindas a uma nova equipa. A profissão de Joalharia não integra a lista de profissões do campeonato europeu, pelo que foi apenas agora, no início da preparação para o campeonato mundial que João Bárrios, concorrente, e Pedro Coutinho, jurado, ambos do CINDOR – Centro de Formação Profissional da Indústria de Ourivesaria e Relojoaria, se juntaram aos restantes elementos da seleção nacional.
A WorldSkills Portugal esteve à conversa com eles.
O João vem do CINDOR, tem 23 anos e afirma-se como joalheiro. “Cheguei aqui porque sempre trabalhei duro. Não era uma questão de ser o melhor, mas de ser sempre melhor. Sou desses malucos que nunca está satisfeito com o que faz.”, diz-nos o João de forma descontraída.
“As provas, nesta semana de estágio estão a correr bem, com altos e baixos, claro, mas acho que os altos são os momentos bons e os baixos são os momentos que me permitem aprender. Tenho de fazer um pendente em prata, em forma de búzio. Para isso tenho de tratar de embutimentos, moldar o metal, criar garras para cravar as pedras, praticar muita solda, etc.”
Quando lhe perguntamos o que acha da profissão de joalheiro, responde assim: “A joalharia não é para qualquer um, estamos sempre a queimar e a cortar as mãos! Mas trabalha-se com peças únicas. Faz-se arte e eu adoro essa componente artística. Sempre que posso gosto de desenhar peças e, no futuro, gostava mesmo de criar uma marca própria. Acho que passar por esta experiência é o caminho perfeito para lá chegar.”
Quanto à integração na equipa, não podia ter sido melhor: “Acolheram-me muito bem. São todos muito simpáticos e até já conhecia alguns do campeonato nacional de Setúbal.”
A acompanhar o João está Pedro Coutinho, formador no CINDOR há mais de 10 anos, e com um passado pelo mundo industrial, também no setor da joalharia. Além disso, foi ele próprio concorrente no Campeonato Nacional das Profissões em 1999, em Faro.
O convite para integrar esta equipa surgiu depois da participação como jurado no Campeonato de Setúbal, em 2020.
“O ambiente que aqui vim encontrar é muito profissional, ainda que descontraído. Mas sente-se a pressão, porque é tudo novidade e porque estou bem ciente do grande nível de exigência das provas internacionais. A prova que o João está a fazer, por exemplo, é de um nível de dificuldade muito elevado e já foi realizada em competições chinesas. Ainda assim, o João está com um bom desempenho.” diz-nos Pedro Coutinho. “O objetivo agora é percebermos onde é que ele está e onde as coisas não estão a correr tão bem, para podermos fazer as correções para o próximo estágio.”
Em relação à participação no mundial, Pedro refere que “mais do que expetativas, é esperar que o João saia de lá feliz com o trabalho realizado”.
Perguntámos ainda ao Pedro como está o emprego no setor da joalharia: “Nos dias que correm, a joalharia é muito apelativa para quem quiser fazer carreira. É um setor que permite, desde logo, um percurso profissional longo. Acresce que, atualmente, há muita procura por joalheiros, com várias marcas internacionais que escolhem Portugal para fazer as suas produções e que querem profissionais qualificados, pelo que os melhores têm seguramente um lugar no setor.”
“E depois é uma profissão glamorosa. Numa altura em que se verifica uma valorização dos metais preciosos, trabalhamos com peças de muito valor e ver o nosso trabalho refletido nas peças que as pessoas que usam é muito gratificante.”