Decorreu nos dias 15 e 16 de março, a segunda sessão de trabalho com os presidentes de júri do Campeonato Nacional das Profissões, SkillsPortugal – Setúbal 2020.

Desta vez, os 40 presidentes de júri, juntamente com os Skill Advisors e restante equipa da WorldSkills Portugal estiveram reunidos no Serviço de Formação Profissional do Seixal, onde trabalharam na atualização dos descritivos técnicos e na conceção de provas.

Identificar e testar competências foram as palavras-chave mais utilizadas durante os dois dias de trabalho.

Numa panóplia bastante diversificada de profissões que vão estar em competição em Setúbal já no próximo ano, há uma aposta da WorldSkills Portugal nas de tecnologia de ponta, como é o caso do desenvolvimento de jogos digitais e da robótica móvel.

A profissão de desenvolvimento de jogos digitais surgiu, como profissão em demonstração, no Campeonato Nacional das Profissões, SkillsPortugal – Beja | Alentejo 2018. Em Setúbal, a profissão vai estar em competição oficial pela primeira vez.

André Cruz, formador do CESAE Porto, é o presidente de júri desta profissão e levantou a ponta do véu sobre como será a competição no próximo campeonato: “Na demonstração, o resultado final foi a elaboração de um jogo completo, tendo o foco estado na programação mas também um pouco no game design. Para Setúbal, estamos a pensar elaborar uma prova mais global, onde já entrará também a componente de game art. Em Portugal, esta indústria conta, maioritariamente, com profissionais que dominam estas 3 vertentes (game design, game art e game programing), pelo que vamos desenvolver a prova a pensar nessa realidade.”

Segundo André Cruz, esta indústria em Portugal tem estado em franco crescimento, existindo já alguns estúdios de grande dimensão que contam com centenas de colaboradores. Contudo, a grande maioria dos estúdios ainda são de pequena dimensão, onde o perfil pretendido é mais abrangente e não tão especializado.

E como é que um jovem pode ter acesso a esta profissão? “Há uns anos atrás era complicado, pois não havia formação dedicada a esta área. Hoje em dia já existe oferta de nível superior. Também existem profissionais que optaram por uma formação de base mais generalista (multimédia, animação 2D/3D e programação) e depois, procuraram uma formação mais específica.

Tenho alguns ex-formandos que optaram por fazer formação mais generalista  e depois focaram-se na componente de videojogos e que se encontram a trabalhar em estúdios de maior dimensão. Em Portugal temos jovens profissionais bastante criativos que, com esforço e empenho, têm estado a evoluir e a desenvolver jogos muito promissores.”

Outra profissão de “ponta” é a Robótica Móvel, uma profissão já nos deu alegrias a nível internacional, como é o caso da recente medalha de bronze no Euroskills, Budapeste 2018.

Estivemos à conversa com Vasco Vaz, atualmente integrado na equipa da WorldSkills Portugal e, simultaneamente, presidente de júri desta profissão.

Em Setúbal, o que é que poderemos esperar desta prova? “Em Setúbal, o robô será um home assistant, irá ajudar pessoas com algum tipo de limitação, levando-lhes água, ou comida ou medicamentos. Ou seja, vai ajudar nas tarefas que essas pessoas não vão conseguir fazer.

Na indústria, os robôs estão cada vez mais a ser utilizados como movimentadores de carga, por exemplo, é preciso fazer, mediante uma escala de serviço, a entrega de peças para produção em várias zonas da fábrica.  Mas a utilização dos robôs não se limita à indústria, sendo cada vez mais utilizados nos serviços, como guias por exemplo, quando chegamos a um hospital, o robô leva-nos à sala de espera da consulta da especialidade que vamos ter, ou então, num museu, o robô explica toda a visita.

Sendo esta uma área em franca expansão, está cada vez a haver maior solicitação destes profissionais, nomeadamente por empresas ligadas às marcas que comercializam os robôs, uma vez que são elas que apoiam as equipas nas empresas-cliente que trabalham com os robôs.”

Como é ser um profissional da área da robótica móvel? “Acima de tudo é um gosto. A robótica é uma área multidisciplinar, envolve algoritmia, matemática, programação e, hoje em dia, muita mecânica e manutenção do equipamento. Um jovem que pretenda seguir esta profissão deverá ser alguém que goste da área, que tenha vontade em aprender mais, que seja polivalente e muito dedicado.”