O Técnico de Cozinha é o profissional que planeia, coordena e executa as atividades de cozinha, respeitando as normas de higiene e segurança, em estabelecimentos de restauração e bebidas, integrados ou não em unidades hoteleiras, com vista a garantir um serviço de qualidade e satisfação do cliente.
Para conhecer melhor a profissão e como é organizada esta prova num campeonato mundial de profissões aceda a este link.
A concorrente que representou Portugal no Campeonato Europeu, EuroSkills Budapeste 2018 foi Ana Filipa Coelho, de 19 anos, uma verdadeira chef em potência.
Esta foi a conversa que tivemos com ela antes da partida para Budapeste.
WorldSkills Portugal: Como é que o facto de teres ganho a medalha de ouro no Campeonato Nacional das Profissões e fazeres parte da seleção nacional alterou o teu dia a dia?
Ana Coelho: Ter ganho o campeonato nacional foi algo muito significativo a nível pessoal como profissional. Tenho evoluído todos os dias. Fazer parte da equipa nacional é algo muito importante, pois estou entre os melhores de Portugal. Com esta excelente equipa e com toda a preparação que tenho feito, o meu dia a dia mudou para melhor.
WorldSkills Portugal: Como está a correr a preparação?
Ana Coelho: A preparação para o Euroskills tem sido bastante exigente, o que é compreensível devido à responsabilidade que cada profissão tem. Está a ser uma experiência muito positiva, pois tenho aprendido diversas técnicas e métodos de trabalho o que é muito importante para o meu crescimento a nível profissional.
WorldSkills Portugal: O que é que aprendeste até aqui, do ponto de vista pessoal e profissional?
Ana Coelho: Tanto a nível pessoal como profissional tenho aprendido a lidar melhor com o stress e com a pressão exterior. Aprendi também que mesmo aquilo que nos parece impossível tem resolução!
WorldSkills Portugal: O que esperas do Campeonato Europeu?
Ana Coelho: Acima de tudo, representar Portugal ao mais alto nível e ficar bem classificada. O meu lema é “com força e ambição serás sempre campeão”. Os skillianos vão arrasar em Budapeste!
A Ana tem o privilégio de estar a ser treinada por dois chefs de excelência, Raúl Sousa, o seu preparador e formador nos Açores, na Escola Profissional Praia da Vitória, e Milene Nobre, a jurada internacional que a acompanhará até Budapeste. A Milene foi presidente de júri da prova de cozinha o campeonato nacional e é formadora no Centro de Emprego e Formação Profissional de Faro. É ainda “chef de cuisine” no AP Hotels & Resorts e gerente da pastelaria Pão, Café & Chocolate.
“A Ana tem estado em preparação a fazer um treino intenso que incide sobre as várias provas que ela vai ter que executar em Budapeste, aquando do Campeonato Europeu das Profissões” refere Miléne. “Assim sendo, tem treinado a confeção de variadíssimos “amuse-bouche”, uma vez que não sabemos qual é o ingrediente principal que terá que usar em Budapeste, pois é surpresa e só saberemos quando lá chegarmos. Desta forma ficará apta para qualquer situação que possa surgir. De igual forma, tem confecionado vários pratos de peixe, caça e sobremesas para que, independentemente dos ingredientes surpresa que possamos encontrar, tenha a capacidade de resposta e de improviso que é necessária.
Os treinos estão a correr muito bem, pois a Ana é uma jovem com muito talento, muita garra e que se tem mostrado bastante motivada para conseguir representar da melhor forma o nosso país naquela que é uma das profissões mais emblemáticas destes campeonatos.
Estou muito confiante nas capacidades da Ana, pois foram vários meses de treino em que ela trabalhou duro e quando trabalhamos duro o resultado só pode ser bom.”
A Ana fez a sua formação na Escola Profissional Praia da Vitória, nos Açores, e nós falámos com o Presidente do Conselho de Administração, Domingos Alberto de Aguiar Borges.
WorldSkills Portugal: Quais as mais valias para a Escola Profissional Praia da Vitória em ter uma formanda que foi campeã nacional e que que integra a equipa que vai representar Portugal num campeonato europeu?
Domingos Borges: É sobretudo uma mais valia do ponto de vista motivacional. Simboliza o culminar de um percurso de muito trabalho e dedicação e uma grande motivação para os formadores e formandos para continuarem a acreditar no trabalho que desenvolvem no dia a dia. Por outro lado, é também, uma mais valia do ponto de vista institucional, pois contribui para a melhoria da imagem da escola na comunidade local, regional e nacional.
WorldSkills Portugal: Como tem sido organizado o treino de preparação para o campeonato europeu?
Domingos Borges: A preparação da Ana durante os últimos meses, foi dividida em vários patamares que passo a descrever:
- Através de provas cegas, foi-se aguçando a interpretação do cheiro, tato, paladar e da audição;
- Análise intensiva do conhecimento sobre a matéria prima;
- Domínio das técnicas base de cozinha e pastelaria;
- Interpretação e realização da prova tendo em conta a técnica, método, sequência, ritmo, higiene, noção de espaço e tempo;
- Trabalho sobre estética dominando o conhecimento das cores (quanto à apresentação da iguaria);
- Trabalho sobre o paladar tendo em conta o tipo de jurado (Europa do Norte, Centro, Leste e Sul);
- Dinâmica de esforço através de provas com grau de exigência superior ao europeu;
- Reforço da crença de acreditar no seu trabalho, que não existem impossíveis e que diariamente tem que ultrapassar a barreira do dia anterior, para estar ao nível dos melhores;
- Respeito pelos outros.
WorldSkills Portugal: Quais são as expetativas?
Domingos Borges: A expetativa é de que a Ana represente condignamente o nosso país, que consiga demonstrar todo o seu talento e competência.
WorldSkills Portugal: A Escola Profissional Praia da Vitória já teve concorrentes medalhados em competições internacionais? O que significa isso para este estabelecimento? Qual o uso que fazem desse facto?
Domingos Borges: Já tivemos medalhas internacionais. São sempre momentos importantes e motivo de orgulho para os nossos alunos e professores. Aproveitamos para promover a imagem da escola na comunidade.
A prova de Cozinha é a mais participada de todas. A Ana mostrou toda a sua garra e técnica, numa competição muito exigente onde enfrentou concorrentes da Áustria, Bélgica, Cazaquistão, Chipre, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Holanda, Hungria, Islândia, Letónia, Lituânia, Montenegro, Noruega, Polónia, Reino Unido, Rússia e Suécia. O nível global dos participantes não permitiu chegar ao pódio, mas reafirmou o potencial da Ana enquanto futura chef.